'Mufasa' conta história do pai de 'O Rei Leão' sem desvantagem da comparação com clássico; g1 já viu

  • 18/12/2024
(Foto: Reprodução)
Continuação desnecessária fica presa entre ritmo atrapalhado e boas novas canções. Avanço tecnológico e diretor premiado ajudam a superar estranheza do filme de 2019. Ao contar uma história original, "Mufasa: O Rei Leão" tem uma grande vantagem sobre a regravação com computação gráfica de 2019 do clássico animado de 1994. Sem as inevitáveis comparações com um filme que marcou uma geração, a continuação (um tanto desnecessária) consegue provar que tem algo a dizer – em especial graças a boas novas canções e a um avanço tecnológico que diminui a estranheza das expressões faciais dos personagens, presente em seu antecessor. A sequência, que conta na verdade a história do pai do protagonista de "O Rei Leão", estreia nesta quinta-feira (19) nos cinemas brasileiros como uma inevitabilidade depois do sucesso estrondoso do anterior, que fez mais de US$ 1,6 bilhão nas bilheterias. Infelizmente, até pelo óbvio objetivo comercial do projeto, nem mesmo o envolvimento do diretor ganhador do Oscar Barry Jenkins ("Moonlight") consegue elevá-lo de verdade. Na verdade, é difícil de encontrar a sensibilidade do cineasta, responsável por um dos melhores filmes dos últimos anos, preso em um roteiro atrapalhado, dividido entre a trama que deveria contar e os personagens que vão vender bonecos para a criançada. É como se "Mufasa" fosse dois filmes em um, no qual o potencial claro do primeiro nunca é atingido por causa dos receios de executivos que exigem cenas a cada 15 minutos de Timão e de Pumba, dupla que aponta – ela mesma – sua total desconexão com a história. Assista ao trailer de 'Mufasa: O Rei Leão' Ciclo da vida Apesar de começar como uma sequência quase clássica, com a filha-herdeira dos protagonistas de "O Rei Leão", "Mufasa" logo revela seu interesse pela história do pai de Simba, o antigo rei assassinado pelo próprio irmão. Narrado pelo mandril xamânico Rafiki, o filme mostra a infância do personagem título, um filhote perdido que conhece um jovem príncipe e forma com ele um laço fraterno – até que um bando invasor ameaça sua nova família. A trama é uma boa oportunidade para mostrar novos lados de heróis e vilões e aprofundar suas relações. Ajudada pelas canções inspiradas e características de Lin-Manuel Miranda (o principal compositor de musicais dos últimos anos, de "Hamilton" a "Moana" e "Encanto"), a narrativa aos poucos mostra seu valor. Cena de 'Mufasa: O Rei Leão' Divulgação Esquecendo os problemas Uma pena que a história seja constantemente interrompida pelas trapalhadas dos alívios cômicos na linha temporal do "presente". Tudo bem, Timão e Pumba são favoritos da criançada, mas suas participações evitam um desenvolvimento coeso e castigam o ritmo. Toda vez que a carismática dupla de jovens leões chega perto demais de explorar de fato um relacionamento minimamente complexo e – com o perdão da palavra – humano, suricato e javali correm para impedir. As idas e vindas, apenas cansativas no começo, se transformam em uma espécie de tortura psicológica para um público que lá pela metade já aceitou sua inevitabilidade. Cena de 'Mufasa: O Rei Leão' Divulgação Lembre-se de quem você é No fim, é até difícil determinar a extensão da participação de Jenkins. O diretor entrega alguns de seus closes e belos enquadramentos característicos. Ajudado pelo avanço tecnológico desde 2019, aliás, ele dá aos protagonistas uma mistura muito mais aceitável entre expressões de sentimentos humanos e o realismo animal. Seria interessante ver o que o cineasta poderia fazer sem as interrupções constantes e a falta de coragem – provavelmente – dos executivos da Disney. Talvez alguém ainda tenha noção suficiente para convencê-lo a voltar para um terceiro capítulo – por mais que o público e o cinema tenham mais a ganhar com um novo projeto original de um dos diretores mais talentosos de sua geração. Cartela resenha crítica g1 g1

FONTE: https://g1.globo.com/pop-arte/g1-ja-viu/noticia/2024/12/18/mufasa-conta-historia-do-pai-de-o-rei-leao-sem-desvantagem-da-comparacao-com-classico-g1-ja-viu.ghtml


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